Os principais fatores de risco para a formação dos divertículos intestinais são: idade maior de 65 anos, dieta pobre em fibras, alto consumo de carne vermelha, maior nível socioeconômico, hipertensão arterial, número de partos, baixa atividade física, aumento do índice de massa corporal (sobrepeso e obesidade) e algumas síndromes genéticas ( Marfan, Ehler-Danlos).
Estudos demonstraram que a pessoa que ingere carne vermelha pelo menos 1vez ao dia tem 25 vezes mais chance de diverticulose do que quem come menos de 1 vez por semana. Sugere-se que existe um efeito tóxico específico da carne vermelha para o intestino grosso.
Os pacientes que fumam têm 30% mais chance de desenvolver diverticulose do que pacientes não tabagistas. E, além disso, os fumantes que já tem diverticulose apresentam risco 2 vezes maior de evoluir com complicações como diverticulite, formação de abscessos intestinais ou perfuração das pequenas bolsas (divertículos) do que os não fumantes.
O consumo de álcool, principalmente as bebidas destiladas, parece estar associado a maior chance de desenvolver doença diverticular dos cólons.
O ganho de peso ponderal e aumento da circunferência abdominal (“barriga”) estão associados as formas complicadas e recorrentes da diverticulose. Os pacientes que apresentam IMC (Índice de Massa Corporal=peso em KG, dividido pela altura em metros ao quadrado) maior do que 30 tem 4 vezes mais risco de desenvolver diverticulite do que os que tem IMC entre 20-22,5.
Os pacientes sedentários estão diretamente relacionados ao aparecimento da doença diverticular dos cólons com maior risco de hospitalização. A caminhada diária,como exercício leve diário, não altera o risco de complicações de diverticulose. Mas, aqueles praticantes de corridas e atividades físicas mais vigorosas reduzem significativamente o risco das complicações da doença.
Culturalmente há uma correlação entre comer milho, sementes, castanhas e agravamento da inflamação dos divertículos intestinais. Acredita-se que esses alimentos poderiam cair dentro das pequenas bolsas (divertículos) e obstruí-los, o que causaria a inflamação (diverticulite) o que não se confirmou em vários estudos sobre o assunto. Portanto, atualmente não há base científica para recomendação de que pessoas com diverticulose evitem esses alimentos.
Orienta-se o consumo de alimentos ricos em fibras e que proporcionem formação de fezes macias para evitar o aumento da pressão dentro da luz intestinal. A diverticulose geralmente não cursa com sintomas, mas pode causar: cólicas abdominais principalmente à esquerda, alteração do hábito intestinal (diarreia alternada com obstipação), distensão abdominal (inchaço).
Um médico especialista (gastroenterologista) deve ser consultado para melhor avaliação do quadro clínico. Exames podem ser solicitados para conclusão do diagnóstico e há tratamento com medicamentos e mudanças de hábitos de vida que proporcionam melhora importante dos sintomas.
A diverticulose pode se complicar com inflamação dos divertículos (diverticulite aguda), perfuração, sangramentos (hemorragia), abscessos (acúmulo de pus), obstrução intestinal, fístulas (são comunicações com outros órgãos ou com a cavidade abdominal).
Quando há complicações da diverticulose os sintomas são mais evidentes e frequentes culminando em abdome agudo. Nesse momento, diferenciamos diverticulose de diverticulite. A diverticulite é uma complicação da diverticulose: inflamação dos divertículos que se apresenta com febre, palpitação cardíaca, palidez, distensão abdominal (inchaço), dor forte a palpação do abdome.
Outra complicação da diverticulose não muito rara é a hemorragia. O paciente apresenta cólicas abdominais intensas com evacuações em jato de sangue de grande quantidade. Pode ocorrer auto resolução do quadro em poucas horas, ou seja, o sangramento pode cessar espontaneamente. Porém é preciso consultar um médico para que o diagnóstico seja preciso e que o tratamento seja adequado.
O diagnóstico da doença diverticular dos cólons e suas complicações é feito com história clínica (como ocorre a dor? Onde se localiza? Qual a frequência?), exame físico do abdome (palpação, ausculta dos movimentos intestinais), exames de imagem (tomografia computadorizada, enemaopaco) e colonoscopia, exames laboratoriais (avaliação de infecção, anemia, entre outros). O importante é consultar o gastroenterologista caso apresente algum dos sintomas já descritos para avaliar a gravidade do quadro clínico.
O tratamento da diverticulose e complicações podem ser realizados com medicamentos específicos ou nos casos mais graves até com medicações intravenosas, internações hospitalares e cirurgias. Em casos de complicações, a indicação é procurar atendimento de urgência (pronto socorro) e avaliação de possibilidade de procedimento cirúrgico a depender da gravidade do quadro. E para a definição de qual melhor local e forma de tratamento o médico especialista deve analisar individualmente cada caso clínico.
Drª Aline Pécora Ribeiro
5434-6 CRM-MG